


20.12.15
15.3.14
21.2.14
hoje saí [ao mundo]
os dias
por cá, são calmos e solarengos. temperaturas relativamente boas. sem nuvens no
céu.
hoje
não foi diferente.
o
relógio da farmácia marca 15º. o laranja fluorescente das letras rolantes
informam-nos também da data e hora!
lá fora,
a piscina, não tem ninguém. apesar da sua calma e tranquilidade, transmitidas
pelo azul turquesa, tão cativante, da água quase parada.
o
jardim, primorosamente arranjado, não mostra sinais de vida humana! porque os
pássaros, esses, já há muito que ali fizeram as suas casas.
para lá
do muro do jardim, o parque das crianças, esta cheio como sempre! pais e crianças
passam aqui as suas tardes... ouvem-se os risos, vozes e gritos dos mais
pequenos, em decibéis impossiveis de reproduzir, por qualquer membro da
espécie adulta.
mas,
como já vos disse, hoje saí ao mundo!
caminho
pela rua, devagar... com os phones nos ouvidos.
pendurado
pelo braço, abano arritmicamente o carrinho das compras.
cruzei-me com duas senhoras, envolvidas
nos seus burcas: só se vê as suas caras e pouco das suas expressões. empurravam carrinhos de bebés. conversavam
afavelmente no seu idioma, ao mesmo tempo que caminhavam sobre a passadeira.
“a imigração ilegal que está a chegar às
costas de ceuta, nunca teve tanta afluência como agora” – oiço no rádio – “uma família síria de 7 pessoas, conseguiu entrar no país com passaportes ilegais” – continuam – “o
numero de pessoas ilegais aumentou exageradamente! morrem mais 15 africanos vindos da áfrica subsariana. os cidadãos de
ceuta manifestam-se: no mas muertos!; – pedem também para não se dispararem mais
balas de borracha contra os emigrantes”; o alcade de melilla faz comentários
infortúnios: “mas que quieren? que ponga azafatas para recibirlos?” ... mais
tarde, ao saber do impacto que a sua afirmação teve pelos meios de comunicação,
muda a sua statement: vale! si no quieren
azafatas, digo antes azafatos! – perante esta situação, não me parece que valha a pena fazer mais
comentários a respeito!
penso em como há tão pouco tempo, tinha lido e visto este assunto nos jornais e televisão.
as condutas das forças governamentais, “politicamente corretas?” mas “humanamente incorretas,” estão a ser
postas a juízo, agora, mais que nunca. os mortos aumentam ainda mais! os barcos cheios
de pessoas ilegais, em estados físicos deploráveis, aumentam! muitas, são as pessoas
que caminham meses e até anos, sem condições de dinheiro, comida e legalidade, para
chegarem até aqui... conduzidos pelo sonho de liberdade!... número este, que
está a aumentar, exageradamente!
houve
até, uma lei, proposta no principio do ano, para proibir o atendimento das pessoas que se apresentassem nos serviços de saúde, sem papeis legais. os médicos saíram há rua! manifestaram-se!
disseram que: ou atendiam todas as pessoas, ou não atendiam ninguém! – depois
de longos protestos, a lei foi aprovada!
a
primeira vez que me apercebi, em 1ª mão, da dimensão da chamada “problemática”
da imigração ilegal, tinha 18 anos. vivia em terras escocesas. digo em 1ª mão,
porque apesar de ter conhecimento destas situações; no país onde cresci, esta
“problemática” não é lá grande “problemática”!... a não ser por aqueles "quilinhos" de droga, que de tanto em tanto tempo, aparecem nas praias, vindos, eventualmente de marrocos!
bem! os
ingleses, no que diz respeito à imigração ilegal, não são tão abertos como os espanhóis!
não discutiam o assunto no rádio, nem na televisão! ... nem o comentavam
entre si! aliás, eu só me apercebi desta situação, porque todos os fins-de-semana comprava o jornal! neste, lá para a ultima página, numa coluna pequenina
e com umas letras minúsculas, costumava encontrar escrito, o número de pessoas ilegais que tinham morrido, nessa semana, nos comboios, ao tentarem entrar no
reino unido! numero este, que me deixava sempre aturdida e indignada!... mas, fora daquela pequena coluna e letras minúsculas, mais ninguém parecia
aperceber-se da situação... como se de um mundo secreto, se tratasse! – afinal de contas, os mortos e vitimas da
imigração ilegal, não deixam de ser uma situação altamente desumana e controversa!
[e também não podemos esquecer,
que gibraltar, é inglês!]
continuo
o meu trajeto.
no
supermercado cruzo-me momentaneamente, com umas pessoas da américa do sul. não
consigo identificar o seu país de origem!
no
rádio, o tema agora, é a venezuela. “as
manifestações da população aumentam. milhares saem as ruas para se
manifestarem, liderados pelos estudantes! prendem o líder da oposição, alegando
que fomenta e alimenta as manifestações! o obama, como presidente dos estados
unidos, pede para tentarem chegar a consensos e situações de paz. os líderes
venezuelanos, sentem-se altamente ofendidos e basicamente respondem-lhe que
“nao tem de por o nariz onde não é chamado”; os policias disparam contra os
manifestantes. uma das balas foi direta a cabeça da rainha da beleza
venezuelana. morre aos 22 anos” – continuam – “mas se tínhamos falado com ela à tão pouco tempo!” – lamentam-se
da situação e continuam – “mais de 100
feridos e pelo menos 5 mortos. as forças do governo usam a força e disparam
[balas verdadeiras] contra os manifestantes. prendem todas aquelas pessoas, que disserem
alguma coisa que consideram ir contra os seus ideais! dando-lhes inclusive, penas muito pesadas, se vão presos... senão os
matarem, até!” – tem piada! – dizem ironicamente no rádio – “um governo que se dizia ser do povo e estar do lado do povo! – es ahora el “pueblo” contra el pueblo!” – esta frase fica-me a
ecoar na cabeça: é o “povo”, contra o povo! é o “povo”, contra o povo!
vou
fazendo as minhas compras, calmamente!
penso
em como a situação daquele país, se tem mantido sob um regime opressor e
totalitário já há tantos, tantos anos! mudam e aprovam leis, como e quando lhes apetece, com a finalidade de que
estes líderes se perpetuem no poder e se mantenham “intocáveis” ... eleições
democráticas não existem! e a violência armada é “oferecida” por onde quer que se vá! ... justificam-se por detrás de estatísticas “risórias”
[tanto quanto à sua credibilidade, como à sua importância e utilização!], e
manter um dialogo com estas pessoas, tem-se mostrado tarefa impossível ... uma
palavra em falso... e zazzzzz ... é a morte do artista!
compras
feitas!
o sol
brilha com uma tonalidade primaveril!
arrasto
o carrinho, agora cheio! pela rua acima. as pessoas, caminham relativamente
felizes.
no
parque, as crianças brincam, riem e divertem-se, sabem que amanha voltam para o
seu parque preferido!
chego a
casa! e ainda com os phones nos
ouvidos, vou arrumando as compras. o rádio continua ligado! e as noticias agora,
voltam-se para a ucrânia. falam da matança da população em kiev... de que foi fruto da
repressão governamental. 35 mortos [que se conheça!] ... a cidade, está em
plena guerra! há snippers por todos os lados! ponderam se será o fim da “paz fria”!
a esquiadora ucraniana, abandona os jogos olímpicos, para regressar a casa com
a sua família!
a
história destes países é longa e complicada! e envolve sempre grandes
atrocidades humanitárias e violações aos direitos humanos!
baixo o
volume! ainda assim, oiço ao fundo e muito vagamente, algo sobre o julgamento
da infanta e do envolvimento da casa real em negócios corruptos; oiço algo sobre a
privatização da água, e em como a população se esta a manifestar contra esta medida; oiço que a
catalunha quer passar a ter o seu próprio sistema de pagamento de impostos, e que este sirva só para a catalunha; e até oiço que a eta assume que deixou a força armada [ou talvez seja um
desarme parcial?]...
tudo
devidamente arrumado! desligo o rádio.
olho lá
para fora!
vejo as
crianças! continuam alegres, em grandes correrias, jogos e traquinices!
a piscina,
sempre tão tranquila, “apetitosa” e vazia de pessoas!
o
jardim, resplandecente e sem ninguém! tão primorosamente
arranjado!
hoje,
deixei o mundo entrar [um bocadinho]!
hoje! saí ao mundo!
hoje! saí ao mundo!

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